livro: Rimando a História
Autora: Dulce da Silva Meira
A Marujada
Pág.
82 a 84
Chama-se
Marujada
Uma
dramatização,
Que
faz parte do folclore
E
de nossa tradição.
Que
enfoca a peleja
Entre
mouros e cristãos.
Rememorando
batalhas
Há
muito tempo travadas,
Na
Península Ibérica
Em
livros historiadas,
Como
dança popular
Inventou-se
a marujada.
Pretendia
o Rei cristão
Do
paganismo tirar,
O
poderoso rei mouro
A
quem teve que enfrentar
Mas
conseguiu convertê-lo
E
até fê-lo batizar.
Partindo
do litoral,
No
sertão se arraigou,
E
por todo o Nordeste
O
público conquistou.
Vindo
de remotas eras
Ao
nosso dias chegou.
Os
seus ritmos são a marcha,
Ordinário
e bailado,
Controladores
dos passos
Por
uma caixa marcados,
E
nessa mesma cadência
Os
cantos são entoados.
Vermelho
usam os mouros,
Azul-claro
os cristãos.
Rei,
Rainha, general,
Soldados
e Capitão,
São
tripulantes em guerra
A
bordo da embarcação.
Homens
simples, pescadores,
Fazem
a encenação,
Com
cantos ora alegres,
E
outros que tristes são,
Mas
finalmente a vitória
Comemora
o Rei Cristão.
Ao
ser preso o Rei Mouro
Acredita
ser verdade,
Que
só Deus é soberano,
E
pede por piedade,
Que
lhe dêem o batismo
Em
nome da cristandade.
Com
precisão não se sabe,
Quando
na vila estreou
A
dança da marujada,
Nem
quem a organizou.
Apenas
do ano quinze
Uma
lembrança ficou.
Senhor
José Costa Santos,
Por
Leca apelidado,
Conta
que aos cinco anos
Pelo
pai incentivado,
Como
marujo mirim
Na
dança foi colocado.
A
marujada ficou
Por
anos desativada,
E
graças ao Senhor Leca
Que
a tinha memorizada,
Às
ruas retornou
Como
antes animada.
O
Reisado e a Marujada
Senhor
Leca liderou.
Sua
voz firme e bela
Por
toda a vila ecoou
Tornou-se
um vulto histórico
Vivo
se imortalizou.
Os
Bailes No Beija-Flor
Pág.: 85 a
89
Na vila de
Beija-Flor,
Bailes se
promoviam,
Por motivos
corriqueiros
E sempre
aconteciam,
Em casas de
residências,
Pois clubes
não existiam.
Sanfonas de
oito baixos
Por longas
horas tocavam,
Cavaquinho e
violão
A elas
acompanhavam,
Pandeiros e
até colheres
A harmonia
completavam.
Dançava
homem com homem
E mulher só
assistia,
Sema graça
feminina
O CACETE
acontecia,
E pouco
tempo durou
Por ter
gerado anarquia.
Muito tempo
decorreu
Para a
mulher conquistar,
Permissão para
os anseios
Da dança
participar,
E na oportunidade
O bem-amado
abraçar.
Sempre com
acompanhantes
As moças às
festas iam,
E àquelas
pessoas
Os
cavalheiros pediam,
Permissão
para a dança
Com a jovem
que escolhiam.
Entre
civilizados
O convite se
fazia,
Aproximando
da moça
Com quem
dançar pretendia
Estendendo a
mão direita,
Onde um
lenço se via.
O rapaz de
classe média
Sem éticas
conhecer,
Dirigia-se à
moça
Para o
convite fazer,
Apenas lhe
perguntando:
“Quer me dar
este prazer?”
Ser aceito o
convite
De honra era
questão.
O que fosse
desfeitado,
Ao ouvir um
simples não,
Retirava-se
da festa,
Ou fazia
confusão.
Depois de
uma TABOCA
A jovem não
mais podia,
Dançar com
outro alguém,
No baile
daquele dia.
E pra evitar
tumulto
Do salão
também saía.
O amor
próprio ferido
Uma desforra
cobrava,
E com a mão
na sanfona
Irado
esbravejava:
“Não danço,
eu, nem ninguém,”
E o baile
terminava.
A desfeita
de um não
Durava se
dissipar,
E o moço
envergonhado,
Ainda tinha
que aturar,
As críticas
que faziam
Os rapazes
do lugar.
Com o passar
do tempo
As coisas foram
mudando
As mulheres
submissas
Foram se
libertando,
E na
sociedade,
Espaço foram
ganhando.
Com a
graciosidade,
A mulher
peculiar,
Uma dupla
feminina
A dança vai
começar.
Com palmas
dois cavalheiros
As damas vão
separar.
Vez por
outra acontecia
Um cavalheiro
sobrar,
E às vezes
longo tempo
Ficava a
esperar,
Para na
próxima moda
Conseguir
com quem dançar.
Não demorou
que surgisse
Em forma de
brincadeira,
A entrega da
ARARA
Exisgindo
ação ligeira,
Quando
alguém que dançava
A outro dava
a parceira.
Temerosos e
atentos,
Ficavam os
cavalheiros
Para não ser
o ARARA
No momento
derradeiro,
Quando sem
nenhum aviso
Parava o
sanfoneiro.
Enquanto
todos dançavam
Com grande
animação,
Alguém com
uma fita,
Flor ou
chapéu na mão,
Anunciava em
voz alta:
“A ARARA, entra
em ação.”
Os rapazes
procuravam
Dela se
distanciar,
Por não
poder recusá-la
E não ter
que entregar
Às vezes a
namorada,
Com quem
estava a dançar.
Com a súbita
parada
Aumentava a
euforia,
E o ARARA
vaiado
Zangado não
parecia,
E a festa
continuava
Na mais
perfeita harmonia.
Pra
descontar o ARARA
Não tardou a
aparecer
O BIS que
critica gerou
Por alguém
assim dizer:
“BIS outra
vez sanfoneiro,
Que dançar é
um prazer.”
Brinquedos E Brincadeiras Infantis
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92
Através das
gerações,
Aprendemos do
passado,
Brinquedos,
contos, costumes,
Que nos
foram ensinados,
E por serem
tradição
Ainda são
praticados.
Brinquedo é objeto
Usado para
brincar,
Ou ainda é o
jogo
Que não se
pensa ganhar.
Não visa uma
conquista,
Joga-se por
jogar.
Às vezes
brinca-se só,
Por mero,
simples prazer,
Encanto na
brincadeira
Outros vão
se envolver,
E a disputa
provoca
O desejo de
vencer.
Em
Beija-flor as crianças
Brincavam de
cabra-cega,
De bate e
corre, picula,
Durim-durim
e peteca,
Boca de
forno, aneizinho,
Peito de
vaca e boneca.
Não havendo
como hoje,
Brinquedos
sofisticados,
Jogavam
malha, jereba,
E faziam
cozinhado.
Brincavam
com bois de osso,
E chicotinho
queimado.
Com
cata-ventos corriam
Macaco e
corda pulavam.
Balançavam
em gangorras,
Papagaios
empinavam.
Jogavam
pião, ioiô,
Assim,
crianças brincavam.
É a cantiga
de roda
Uma
manifestação,
De
sociabilidade,
E permite a
transmissão
De
quadrinhas populares,
Para outra
geração.
Tem a roda
infantil
Valor
associativo,
E revela a
tendência,
E a acuidade
do ouvido,
Tornando-se
para a música
Um
verdadeiro incentivo.
Influência
portuguesa
E africana
também,
Tem a
cantiga de roda
Que de muito
longe vem.
Hoje é pouco
ouvida.
Só o
folclore a mantém.
Retorne à
infância,
Para comigo
cantar:
O vapor de
cachoeira
Não navega mais
no mar.
Dasanda a
roda, toca o buzo,
Nós queremos
navegar.
Esta
quadrinha de roda
Um dia voc~e
jogou?
O anel que
tu me deste
Era de vidro
e quebrou.
O amor que
tu me tinhas
Era pouco e
se acabou.
Brinquedos e
brincadeiras
Que
praticamos um dia,
Relembram os
belos tempos
Quando cada
um queria,
Crescer
logo, ser adulto.
Era feliz,
não sabia.
Crendices Populares
Pág.: 93 a
95
Crenças e
rituais
Existentes
no passado,
Neste final
de milênio
São ainda
observados,
Como o canto
da coruja
Que nos
deixa amedrontados.
O que diz do
dia treze?
É aziago, ou
não?
O teze é de
mal agouro,
Qual a sua
opinião?
Dá sorte ou
traz azar?
Ou é só
superstição?
Ensinaram os
antigos
Que pode
trazer azar,
Passar em
baixo de escada,
A mulher
assoviar,
E o cabo da
vassoura
Para baixo
colocar.
Ainda
recomendavam
Alguém nunca
se sentar,
Por curto
que seja o tempo,
Numa pedra
de amolar.
Se você não
sabe o risco,
Procure se
informar.
O minúsculo
vim-vim,
É capaz de
transmitir
As boas ou
más notícias
E pode-se
lhe pedir,
Que se for
feliz presságio
Queira o
canto repetir.
A depender
da espécie,
E até mesmo
da cor,
De alegria
ou tristeza
Nos fala o beija-flor.
O de
rabo-de-tesoura
Anuncia
pranto e dor.
Pisar no
rabo do gato,
As moças
devem temer,
Como também
evitar
Que seus pés
venham varrer,
Pois ficarão
solteironas,
Se isso
acontecer.
Sete anos de
atraso,
Para quem um
gato matar.
Terá muitos
dissabores,
Quem gato
preto encontrar.
E se for à
meia noite
Mal pedaços
vai passar.
Achar
alfinete, é sorte.
Achar
agulha, é azar.
E é sinal de
tormentos,
O espelho se
quebrar.
Se apenas se
rachou
Não o deve
conservar.
Em clima de
brincadeira,
Na noite de
São João,
Os casais
enamorados
Faziam
adivinhação.
Tal crendice
revelava
Se casariam
ou não.
Num caule de
bananeira
Uma faca colocada,
Ao amanhecer
o dia
De lá era
retirada,
Tendo da
cara metade
Inicias
desenhadas.
Fazem parte
do folclore
Crenças
infundamentadas,
Por uns
desrreconhecidas,
Por outros
acreditadas,
E vão ao
novo milênio,
Pela
história recontadas.
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