domingo, 20 de outubro de 2019


ORTOGRAFIA

Emprego das letras h, s, z, x, ch, g, j, ss, sc

Emprego do h

é uma letra que se mantém em algumas palavras em decorrência da etimologia ou da tradição escrita do nosso idioma. Algumas regras, quanto ao seu emprego devem ser observadas:

a) Emprega-se o quando a etimologia ou a tradição escrita do nosso idioma assim determina.
     homem, higiene, honra, hoje, herói.

b) Emprega-se o no final de algumas interjeições. 
      Oh! Ah!

c) No interior dos vocábulos não se usa h, exceto:
- nos vocábulos compostos em que o segundo elemento com h se une por hífen ao primeiro. 
     super-homem, pré-história.

- quando ele faz parte dos dígrafos ch, lh, nh.
    Passarinho, palha, chuva.


Emprego do s

Emprega-se a letra s:

- nos sufixos -ês, -esa e –isa, usados na formação de palavras que indicam nacionalidade, profissão, estado social, títulos honoríficos.
Chinês, chinesa, burguês, burguesa, poetisa.

- nos sufixos –oso e –osa (qua significa “cheio de”), usados na formação de adjetivos.
      delicioso, gelatinosa.

- depois de ditongos.
    coisa, maisena, Neusa.

- nas formas dos verbos pôr e querer e seus compostos.
    puser, repusesse, quis, quisemos.

- nas palavras derivadas de uma primitiva grafada com s.
     análise: analisar, analisado
     pesquisa: pesquisar, pesquisado.


Emprego do z

Emprega-se a letra z nos seguintes casos:
- nos sufixos -ez e -eza, usados para formar substantivos abstratos derivados de adjetivos.
   rigidez (rígido), riqueza (rico).

- nas palavras derivadas de uma primitiva grafada com z.
     cruz: cruzeiro, cruzada.
    deslize: deslizar, deslizante.


Emprego dos sufixos –ar e –izar

Emprega-se o sufixo –ar nos verbos derivados de palavras cujo radical contém –s, caso contrário, emprega-se –izar.
    análise – analisar                               eterno – eternizar


Emprego das letras e i.

Algumas formas dos verbos terminados em –oar e –uar grafam-se com e.
      perdoem (perdoar),           continue (continuar).

Algumas formas dos verbos terminados em –air, -oer e –uir grafam-se com i.
     atrai (atrair), dói (doer), possui (possuir).


Emprego do x 

- depois de ditongo: caixa, peixe, trouxa.

- depois de sílaba inicial en-: enxurrada, enxaqueca (exceções: encher, encharcar, enchumaçar e seus derivados).

- depois de me- inicial: mexer, mexilhão (exceção: mecha e seus derivados).

- palavras de origem indígena e africana: xavante, xangô.


Emprego do g ou j

Emprega-se a letra g

- nas terminações –ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio: prestígio, refúgio.
- nas terminações –agem, -igem, -ugem: garagem, ferrugem.

Emprega-se a letra em palavras de origem indígena e africana: pajé, canjica, jirau.


Emprego de s, c, ç, sc, ss.

- verbos grafados com ced originam substantivos e adjetivos grafados com cess.
   ceder – cessão.
   conceder - concessão. 
   retroceder - retrocesso.
   Exceção: exceder - exceção. 

- nos verbos grafados com nd originam substantivos e adjetivos grafados com ns.
   ascender – ascensão
   expandir – expansão
   pretender – pretensão.

- verbos grafados com ter originam substantivos grafados com tenção.
   deter – detenção
   conter – contenção.


Por Marina Cabral. Especialista em Língua Portuguesa e Literatura.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019


Texto 03



A força das palavras
                        Lya Luft

“Viemos ao mundo para dar nomes às coisas; dessa forma nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós”


Palavras assustam mais do que fatos: às vezes é assim.

Descobri isso quando as pessoas discutiam e lançavam as palavras como dardos sobre a mesa de jantar. Nessa época, meus olhos mal alcançavam o tampo da mesa e o mundo dos adultos me parecia fascinante. O meu era demais limitado por horários que tinham de ser obedecidos (por que criança tinha de dormir tão cedo?), regras chatas (por que não correr descalça na chuva, por que não botar os pés em cima do sofá, por quê, por quê, por quê...?), e a escola era um fardo (seria tão mais divertido ficar lendo debaixo das árvores no jardim de casa...).

Mas, em compensação, na escola também se brincava com palavras: lá, como em casa, havia livros, e neles as palavras eram caramelos saborosos ou pedrinhas coloridas que a gente colecionava, olhava contra a luz, revirava no céu da boca... E às vezes cuspia na cara de alguém de propósito, para machucar.

Depois houve um tempo (hoje não mais?) em que palavras eram cortadas por reticências na tela do cinema, enquanto sobre elas se representavam cenas que, como se dizia no tempo dos pudores, fariam corar um frade de pedra.

Palavras ofendem mais do que a realidade - sempre achei isso muito divertido. Palavras servem para criar mal-entendidos que magoam durante anos:

- Você aquela vez disse que eu...

- De jeito nenhum, eu jamais imaginei, nem de longe, dizer uma coisa dessas...

- Mas você disse...

- Nunca! Tenho certeza absoluta!

Vivemos nesses enganos, nesses desencontros, nesse desperdício de felicidade e afeto. No sofrimento desnecessário, quando silenciamos em algum lugar de esclarecer. "Agora não quero falar nisso", dizemos. Mas a gente devia falar exatamente disso que nos assusta e nos afasta do outro. O silêncio, quando devíamos falar, ou a palavra errada, quando devíamos ter ficado quietos: instauram-se, assim, o drama da convivência e a dificuldade do amor.

Sou dos que optam pela palavra sempre que é possível. Mas, em geral é melhor do que o silêncio crispado e as palavras varridas para baixo do tapete.

Não falo do silêncio bom em que se compartilham ternura e entendimento. Falo do mal de um silêncio ressentido em que se acumulam incompreensão e amargura - o vazio cresce e a mágoa distancia na mesma sala, na mesma cama, na mesma vida. Em, parte porque nada foi dito, quando tudo precisaria ser falado, talvez até para que a gente pudesse se afastar com amizade e respeito quando ainda era tempo.

Falar é também a essência da terapia: pronunciando o nome das coisas que nos feriram, ou das que nos assustam mais, de alguma forma adquirimos sobre elas um mínimo controle. O fantasma passa a ter nome e rosto, e começamos a lidar com ele. Há estudos interessantíssimos sobre os nomes atribuídos ao diabo, a enfermidades consideradas incuráveis ou altamente contagiosas: muitas vezes, em lugar das palavras exatas, usamos eufemismos para que o mal a que elas se referem não nos atinja.

A palavra faz parte da nossa essência: com ela, nos acercamos do outro, nos entregamos ou nos negamos, apaziguamos, ferimos e matamos. Com a palavra, seduzimos num texto; com a palavra, liquidamos - negócios, amores. Uma palavra confere o nome ao filho que nasce e ao navio que transportará vidas ou armas.

"Vá", "Venha", "Fique", "Eu vou", "Eu não sei", "Eu quero, mas não posso", "Eu não sou capaz", "Sim, eu mereço"- dessa forma, marcamos as nossas escolhas, a derrota diante do nosso medo ou a vitória sobre o nosso susto. Viemos ao mundo para das nomes às coisas: dessa forma nos tornamos senhores delas ou servos de quem as batizar antes de nós.


01  - Com base no texto, pode-se afirmar que a palavra é capaz de causar no homem todos os sentimentos a seguir, EXCETO
A – fascínio                  B – opressão               
C – libertação               D – Idolatria


02 – No título do texto, a autora diz que as palavras têm força. A palavra destacada está relacionada semanticamente a
A – vitória                     B – obediência
C – entendimento         D – poder


03  - A postura que a autora assume diante do que trata é
A – manipulativa           B – reflexiva
C – submissa               D – equivocada

04 – No segundo parágrafo do texto, ao comparar palavras a dardos, a autora associa ás primeiras a ideia de algo que
A – fascinava               B – chateava
C – feria                       D – divertia.