domingo, 29 de setembro de 2019



LEITURA - INTERPRETAÇÃO

Garotos de Fé
Você acredita em Deus? O Instituto de Estudos da Religião (Iser) fez essa pergunta a 800 brasileiros com idade de uma maioria acachapante, capaz de desarmar qualquer ceticismo em relação à religiosidade dessa geração. Talvez o correto seja dizer “espiritualidade”, pois a fé é hoje muito mais uma questão de escolha pessoal do que era nos tempos do vovô, quando a garotada ia à igreja por imposição familiar e social. Os jovens hoje elegem a própria fé. “Como a decisão é deles, a religiosidade dessa geração tende a ser muito mais forte que nas décadas passadas”, diz a antropóloga Regina Novais, do Iser. Entre os que seguem alguma religião, 33% escolheram por decisão pessoal, independentemente da preferência familiar. Tanto é assim que dois em cada dez mudaram de religião ao menos uma vez.(...)

É curioso que isso esteja ocorrendo com os filhos de uma geração que, trinta anos atrás, fugiu da religião institucionalizada. O movimento atual é no sentido inverso, com o aumento nas hostes de fiéis.

Veja Jovens, 28/08/2003, p. 28

01 – De acordo com o texto, os jovens de hoje empenham-se mais em relação à religião porque
A – não costumam sofrer pressões para adotarem uma religião específica.
B – têm a liberdade de se dedicarem mais aos estudos ou à prática de esportes do que a uma religião.
C – o mundo moderno exige que as pessoas cultivem a espiritualidade.
D – podem escolher à vontade, pois há mais opções de religiões institucionalizadas do que antes.


02 – Em todas as alternativas abaixo, indicou-se corretamente o sentido da palavra destacada, de acordo com o seu emprego no texto, EXCETO em
A –“Os jovens hoje elegem a própria fé.”  – escolhem, selecionam.
B – “.....capaz de desarmar qualquer ceticismo...” – crença, fé.
C – “...aumento nas hostes de fiéis.” – legião, multidão.
D – “...com liberdade e sincretismo.” – fusão de crenças diferentes.

Profissão
Assustados, confusos, indecisos. É assim que muitos jovens se sentem na hora de escolher sua profissão, às vésperas das inscrições para os vestibulares. Aquela certeza desde pequeno do que vai ser quando crescer não rolou. Surge o medo de não dar certo. E a angústia apera mais diante do variado leque de alternativas de curso superior. São mais de 150 e, a cada dia, surgem novas opções de carreiras e de oportunidades de trabalho. O que fazer? Esse turbilhão de dúvidas não deve ser encarado como um problema grave. Especialistas garantem que a insegurança diante da escolha profissional é um sintoma saudável e produtivo. Com vários caminhos abertos à sua frente, o indeciso tem maiores chances de escolher melhor do que quem apoia sua certeza em fantasias. Por isso, recomenda-se que essa fase da vida seja enfrentada com tranquilidade pelos jovens e sua família. Afinal, toda decisão pressupõe incertezas e uma dose de risco. E esse é o primeiro grande desafio do jovem diante do novo e do desconhecido.

Uma forma de diminuir a pressão é saber que essa escolha profissional não é necessariamente definitiva. Novos caminhos vão surgir durante a faculdade, o mercado de trabalho pode exigir adaptações ou uma grande guinada na carreira. (...) Escolher uma profissão representa esboçar um projeto de vida, questionar valores, as habilidades, o que se gosta de fazer, a qualidade de vida que se pretende ter. e esse momento de reflexão pode render bem mais quanto é compartilhado com a família.

Veja Jovens, 28/08/2003, p. 64


01 – São recursos de construção desse texto, EXCETO
A – a utilização de uma linguagem predominantemente denotativa, dado o caráter informativo do texto.
B – o predomínio de períodos curtos, que facilitam a compreensão e assimilação das ideias nele contidas.
C – a opção pela ordem indireta de construção das frases, considerando-o como um todo.
D – um apagamento das marcas de 1ª pessoa, para ressaltar a importância do assunto de que se fala.


02 – Em relação a esse texto, é INCORRETO afirma que
A – o variado leque de profissões oferecidas pelo mercado atual é um dos motivos responsáveis pela indecisão de alguns jovens.
B – traz implícita a ideia de que a incerteza sobre a carreira a seguir é o maior desafio que o jovem enfrentará na vida.
C – o fato de se saber da possibilidade de se mudar de profissão ajuda a amenizar a anguústia diante dessa escolha.
D – a escolha de uma profissão representa um momento importante, porque pode proporcionar aos jovens maior conhecimento de si mesmos.

terça-feira, 24 de setembro de 2019


Leitura e Interpretação


Identidade cultural: língua e soberania

ARNALDO NISKIER

Toda a riqueza do conceito de cultura vem da própria origem da palavra, do latim "cultivare", cultivar. Espíritos mais práticos perguntariam: por que gastar o seu latim nestes tempos descartáveis que vivemos? Uma resposta óbvia -pelo menos para aqueles que lidam diretamente com a língua portuguesa e lutam pela sua preservação- é que ela é conhecida como "a última flor do Lácio", ou seja, foi a última ramificação do latim e, por obra e graça de uma pequena nação de desbravadores, Portugal, espalhou-se pelo mundo, fincando raízes na América do Sul (Brasil), na África (Angola, Moçambique) e na Ásia (Goa, na Índia; Macau, na China; e Timor Leste, na Indonésia), tornando-se, entre as 6.000 línguas do mundo, aquela falada por 200 milhões de pessoas - o rico universo da lusofonia.
Para avaliar a importância atual da língua portuguesa, bastam dois dados concretos: ela é hoje falada por 4% da população mundial, numa área de aproximadamente 8% do globo terrestre. Pensando no caso do Brasil, país de dimensões continentais que detém o maior contingente de pessoas falando o português, devemos estar atentos para o fato de que a língua entre nós é uma entidade viva, num processo de constante mutação.
A explosão audiovisual promovida por novos meios de comunicação, como o cinema, o rádio e a televisão, e, mais recentemente, a revolução provocada pelos computadores e pela internet tendem a introduzir, a todo o momento, palavras novas na língua e a "deletar" as antigas. A nossa opção de "bom português" não deve mais ser regida pela noção de "certo" e "errado", mas pelos conceitos de "adequado" e "inadequado" (como enfatizou a professora Cilene Cunha).
Não podemos nunca defender a existência de um apartheid lingüístico, separando o falar do rico e o do pobre. Temos uma realidade plurilingüística, levando em conta basicamente que a norma culta deve ser obedecida sobretudo nos códigos escritos. A compreensão desse fato enseja uma profunda mudança no ensino do português, sabendo-se que é o povo que faz a língua. Pode-se concluir daí que a leitura liberta e nos leva a conhecer melhor o mundo, o outro e a nós mesmos. A linguagem manifesta a liberdade criadora do homem.

Arnaldo Niskier, 68, educador, membro da Academia Brasileira de Letras, é conselheiro do Imae (Instituto Metropolitano de Altos Estudos) e secretário estadual de Cultura do Rio de Janeiro.




01 – A valorização da nossa língua é importante porque
A – seu uso reflete os processos de vivência e as transformações por que a sociedade passa.
B – não valorizá-la seria abrir um espaço para que outro idioma ocupe, entre nós, um espaço maior.
C – veículos de comunicação como o cinema, a televisão tendem a nos fazer acreditar que a imagem supera a palavra.
D – não poderíamos, sem essa valorização, decidir, no uso da língua, o que estaria certo ou errado para um “bom português”.

02 – Se defendêssemos a existência de um “apartheid linguístico”,
A – acabaríamos por negar a existência de uma realidade plurilinguística em nosso país.
B – estaríamos fazendo um julgamento inadequado e desvalorizando alguns falares de indivíduos, pela observação de sua classe social.
C – reafirmaríamos o poder que uma variante linguística tem de se sobrepor à outra, por ser falada por uma quantidade maior de indivíduos.
D – faríamos com que a norma culta continuasse sendo a única variante a expressar claramente as nossas ideias.

03 – Defender a existência de uma “realidade plurilinguística” em nosso país é defender todas as ideias a seguir, EXCETO
A – A língua que serve de forma de expressão a uma determinada comunidade passa por um processo constante de mudanças.
B – A língua reduz sensivelmente seu repertório de palavras, ao entrar em contato com os meios modernos de comunicação de massa.
C – A língua abriga em si uma abertura à multiplicidade de falares, sotaques.
D – A realidade dinâmica da língua ocorre devido ao fato de o homem possuir o dom de criar.

04 – A palavra lusofonia, no texto, refere-se ao conjunto de
A – falantes da língua portuguesa.
B – sons da língua portuguesa.
C – simpatizantes da língua portuguesa.
D – dialetos da língua portuguesa.

05 – Nas línguas, pode haver  variações regionais, sociais e de registros. Dos fatores abaixo, o que se relaciona com a última modalidade é
A – origem geográfica                    B – infraestrutura                C – sociocultural                 D- extraordinário



Regras gerais de acentuação gráfica


1. Monossílabos tônicos: são palavras formadas por uma única sílaba. São acentuados quando terminados em:
·         A (s): pá, lá, ás (baralho)
·         E (s): pé, fé, ré
·         O (s): pó, dó
2. Oxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a última. Recebem acento quando terminadas em:
·         A (s): so-fá, Pa-rá, ma-ra-cu-jás, Pa-ra-ná.
·         E (s): vo-cê, ca-fé, be-bês.
·         O (s): a-vô, a-vós.
·         EM: al-guém, tam-bém, po-rém, nin-guém.
·         ENS: pa-ra-béns.
3. Paroxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a penúltima. Recebem acento quando terminadas em:
·         L: ní-vel, rép-til, i-na-cre-di-tá-vel.
·         R: a-çú-car, re-vól-ver, ca-rá-ter.
·         N: hí-fen, ab-dô-men, pró-ton, nêu-tron, e-lé-tron.
·         X: clí-max, tó-rax.
·         I (s): lá-pis, tá-xi, vô-lei, pô-nei, jó-quei.
·         U (s): ô-nus, bô-nus.
·         UM/UNS: fó-rum, quó-rum.
·         Ã (s): ór-fã.
·         ÃO (s): só-tão, ór-gão, ór-fão.
·         ONS: pró-tons, e-lé-trons, nêu-trons.
·         PS: bí-ceps, trí-ceps, qua-drí-ceps, fór-ceps.
·         DITONGOS CRESCENTES: his-tó-ria, sé-rie, á-gua, é-gua, Má-rio, ró-seo.
Observação: Antes da Nova Ortografia, havia duas outras regras para acentuação de paroxítonas: quando elas possuíam EE e OO. Eram os casos de VOO, ENJOO, CREEM, LEEM e VEEM. Essas palavras possuíam acento circunflexo. Hoje, são grafadas sem acento.
4. Proparoxítonas: são as palavras cuja sílaba tônica é a antepenúltima. Todas são acentuadas. Exemplos: mé-di-co, ár-vo-re, mai-ús-cu-lo, ô-ni-bus, Pi-tá-go-ras.
Leia também: Ansioso ou ancioso?

Regras especiais de acentuação

5. Ditongos abertos: os ditongos abertos ÉUÉI e ÓI são acentuados para que não se confundam suas pronúncias com suas respectivas formas fechadas EUEI e OI.
Veja:
  • Formas abertas: céu, réu, cha-péu, a-néis, fí-éis, pas-téis, dói, he-rói, des-trói.
·         Formas fechadas: seu, meu, co-meu, a-vei-a, ba-lei-a, fa-lei, boi, oi-to.
Observação: Com a Nova Ortografia, os ditongos abertos EI OI perderam acento em palavras paroxítonas. Exemplos: i-dei-a, as-sem-blei-a, eu-ro-pei-a, ge-lei-a, ji-boi-a, joi-a, he-roi-co. Essas palavras tinham acento agudo (idéia, assembléia, européia, geléia, jibóia, jóia e heróico), mas o perderam em razão da Reforma Ortográfica.
6. Hiato: acentuam-se os hiatos com I ou U sozinhos na sílaba ou seguidos de S.
Veja:
Pa-ís, sa-ú-de, ba-ú, mi-ú-do, a-ça-í, Lu-ís, ra-í-zes, ju-í-zo.
 Observações:
Hiatos seguidos de NH não são acentuados. Veja:
Mo-i-nho, ra-i-nha.
Com a Nova Ortografia, não se acentuam hiatos precedidos de ditongo em palavras paroxítonas. Veja:  fei-u-ra, boi-u-no, Bo-cai-u-va.
7. Acento diferencial: recebem acento diferencial algumas palavras homônimas perfeitas que, em determinados contextos, podem geram duplicidade de sentido ou confusão na interpretação.
Veja:
Pôr (verbo) – Por (preposição)
(eles) Têm (plural) – (ele) Tem (singular)
(eles) Vêm (plural) – (ele) Tem (singular)
(o/um) Porquê (substantivo) – Porque (conjunção)
(eles) Contêm (plural) – (ele) Contém (singular)
(eles) Provêm (plural) – (ele) Provém (singular)
Observações:
→ As palavras para (verbo), pelo (substantivo) polo (substantivo) tinham acento diferencial antes da Reforma Ortográfica (pára, pêlo e pólo). Esses acentos foram extintos.
→ O acento diferencial em fôrma (fechado) para diferenciar de forma (aberto) é facultativo.
→ A forma verbal pôde (passado) possui acento diferencial para distingui-la de pode (presente) mesmo não sendo palavras homônimas perfeitas.